terça-feira, março 30, 2010

No Bandejão

Este escriba participará, amanhã (31/3) do bate-papo sobre o meu livro Itinerário de uma ausência, promovido por Vinicius Altoé no programa Bandejão, da Rádio Universitária FM (104.7 Mhz), que vai ao ar das 12 às 14 horas. Conto com vocês na audiência, queridos leitores do Grapho!

terça-feira, março 23, 2010

Colisão de presságios

Há dias em que a diferença entre o vento da manhã e a brisa da tarde indica o pormenor tácito de que haverá tributos à passagem dos pássaros. Há delitos cometidos sob o lenço sujo da noite que faz o mundo prometer um fim diário. Certo tipo de mel retirado dos pronomes condena o falante a patinar no indizível, sem atinar com a eficácia do silêncio. Nas façanhas do imponderável reside a pequenez do sujeito controlador de névoas, dominador de trovões, imperador das feras. É nessa ilusão de medida do mundo que ele se dilui e se compacta, vencido na mesma arena em que se faz gladiador.

sábado, março 13, 2010

Entre manobras de avestruzes

Não se enxergam as entrelinhas do verso. Não se encontram as chaves com que ler as melífluas palavras emprenhadas de muito vagar. Passa-se muito tempo entre a declamação e o sucesso da busca subterrânea. Tudo é governável a partir da presença do óbvio. E não se encontra mais a missa verborrágica nem a cantilena desaguada nos bueiros da contravenção. É tudo a incerteza e o desaparecimento das musas. De todas elas.

segunda-feira, março 01, 2010

Silêncio

Não se pode viver do vácuo. Respira-se o ar rarefeito, arranhando a garganta com as renúncias mesquinhas de mais vida, suporta-se a ventania que se despeja nas narinas, embotando o olfato da poeira de muitos lugares não visitados. Discute-se o preço das alegrias, briga-se porque não há litígio, tão estranha é aos olhos limitados a ausência do conflito que inspira o verbo ácido. Planeja-se a neblina, comenta-se o movimento das folhas, ri-se do ciclone que levou aos ares a casa dos desejos. Mas esse silêncio constrange, subtrai a voz, desliga os cheiros, oblitera as cores. Não, não se pode viver do vácuo.