quarta-feira, abril 28, 2010

Os excessos do couro

Os tapas esfacelam a cara-metade de virtudes fílmicas, para que se colha o sangue num jarro medido em versos parnasianos. Eu mesmo infundo no corpo exausto meu terror impresso no precipício dos olhos. Incandesço em frases surradas que surram a banalidade da pele isenta de voos livres. Apresento-lhe a vicissitude dolorida durante o calor moribundo da madrugada, embora não deixem de ouvir as cláusulas de prazer expressas nas sílabas píncaras. E agonizamos ambos pela carruagem da manhã que repercute o espetáculo.

segunda-feira, abril 19, 2010

Peçonha dos lábios

Na esquina, um batom que acena aos náufragos. Beijos que não se pagam com o numerário do fim do mês, mas com dádivas arrancadas até o fim da vida. Algumas rugas facilitadas pela cosmética barata. Alguns tons de hematomas que combinam com a regência da calçada e com a biografia de homens passados. É nesse tempo incontável que dirige a mentira. E capta o sorriso envergonhado do outro lado do sexo. Uma certa cumplicidade da iluminação pública amesquinha a escuridão privada. E nunca há polícia nem bom senso por perto.