terça-feira, setembro 19, 2006

Castelos

Sou vampiro, embora não saibam. Deixo minha casa escura, no topo isolado de algum monte ignoto, e bato minhas asas secretas rumo a residências mais iluminadas.
Ao chegar a alguma delas, emito meia dúzia de gracejos, mediante o que me abrem as portas agora e na hora de tantas mortes, amém.
Sorvo suas vidas, invado-as, até fazer parte delas. Algumas vítimas, as mais úteis, chegam mesmo a pensar que precisam de mim.
Volto com lembranças e presentes, deixo os pontiagudos gracejos que me abriram suas jugulares de luz. E até o momento em que me deito, asas no cabide, ainda sorvo esperanças rubras, construindo o mapa de uma vida sem sombras.