sábado, novembro 11, 2006

Desinências

A janela abreviando o vento lá fora, ainda assim o ruído que o alcança espicaça nele algo da velha coragem adormecida. Ele, que vive e é, não se propõe seguir as direções ofertadas, como se tais fossem desinências na latência de terminar a palavra seguinte. Eis, no entanto, algo que o consola, alto que está na escalada vital: a montanha cedeu até ali, e a história tempera no mesmo caldo cicatrizes e glórias. O longo texto até aqui escrito, ainda que travado na indecisão da pena, está longe do ponto final.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Oh, Maria!

Não conseguem convencê-la a ir por ali ou acolá. Nem lhe instilam força, que sequer ela repete os caminhos pioneiros ou as velhas piadas. Marias que vão com as outras pelo menos estão vivas.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Alheio

Cansado de estender as impotentes mãos de vento para impedir a passagem do tempo, eis que dormiu um pouco, depois um pouco mais, a fim de não ter a tempestade nos ouvidos. A tempestade sempre dizia que era tarde demais.
Ao acordar, trocou o esfregar de mãos pelo papel com caneta. Não conseguiu erguer barragem contra o tempo que fluía, mas pelo menos inaugurou novos mirantes para vê-lo passar. Será que dói mais não ter cumprido as promessas feitas a si mesmo ou tê-las cumpridas todas e já não ter mais o que prometer?