Avalanche de um só
As pontas dos dedos caem na medida exata do destino próprio riscado pelo desejo alheio. A sensação é que não poderia ser de outra maneira. Em seguida, as porções restantes de indicadores e polegares, e de dedos médios, para que o obsceno lhe seja inacessível, e apontar seres e coisas se transforme numa graça telepática. Mais adiante rolam os braços e mãos no abandono de todas as chances, e ficam as pernas pelo caminho, como se fartas do compasso ao perseguir o que não mais será. O torso restante se abaúla, se arredonda, perde ângulos e particularidades, refreando cada vontade a que um dia teve acesso e direito. Rola escada abaixo, a escada curta que separa a sala de reuniões do porão escuro. Poupa o solo da trilha de detritos, colidindo com a parede áspera e subterrânea, e resume todos os movimentos e pulsações ao mínimo de sinais vitais, e tende a se consumir num indiscernível caldo de esperas.