segunda-feira, junho 15, 2009

Especular

Toda vez que ele via o céu estrelado, era irreprimível a vontade: apanhava o espelho, o grande espelho do banheiro, e o punha lado a lado com sua vista preferida do céu. Assim o infinito ficava simétrico e acabava a sua vertigem. Sim, vertigem. A vertigem que jamais sentira sobre a montanha ou o arranha-céu, ou sobre o cume de todas as fortalezas, e que aflorava à noite ao olhar para cima, era aplacada quando ele clonava seu pedaço perfeito do infinito. Sua paz especular.