quarta-feira, março 25, 2009

A vítima

Depois do crime mais recente, sempre ficava na esquina um grupo que comentava. O barbeiro dizia que a lâmina descera sobre o pescoço da vítima em diagonal, o que indicava que o assassino era mais alto do que a assassinada. O padeiro dizia que os hematomas no corpo sem vida tinham sido feitos por uma pessoa muito mais forte, que usara para a tarefa as próprias mãos. O verdureiro assegurava que o crime acontecera muito antes de o corpo ser descoberto, pois a cor da pele do cadáver já tivera tempo de mudar.

No fim da conferência, os homens dispersavam-se, pouco ou nada reparando no farmacêutico que havia muito fechara seu estabelecimento. E não viram quando ele esfaqueou mortalmente a vizinha, que sempre achou de mau gosto discutir crimes na rua.