Do lado errado
Deus abençoe Marina Diva. Seus deleites me deram viço, o cansaço que me impôs tirou-me do Vale da Sombra da Morte. Fato é que nenhum canalha aparecia em sua vida havia muitas luas. Eu é que, descendo a serra entre golpes de perna aleatória, fui descoberto por ela, que já tinha entre os dentes a chave de casa. Caçadora, e eu bem quis chamá-la Diana e não Diva, mas já a certidão se havia lavrado e ninguém, nem mesmo eu, poderia mais desdizer minha heroína.
Não comia mel silvestre nem gafanhotos. Dera-se ao gasto de cifras que não tinha, a bem comprar pão e circo supérfluos. Sua efígie desaparece agora com a areia dos dias. Doarei aos pobres o cabedal que não conseguiu levar. Deitarei no silêncio a lembrança das sirenes de sua prisão, de suas narinas gulosas farejando a poeira nevada. Regerei em seus lábios com a batuta do cigarro que por lá é moeda. Falarei aos seus filhos e netos da névoa indômita que foi passar os anos calculando uma delação.
Não comia mel silvestre nem gafanhotos. Dera-se ao gasto de cifras que não tinha, a bem comprar pão e circo supérfluos. Sua efígie desaparece agora com a areia dos dias. Doarei aos pobres o cabedal que não conseguiu levar. Deitarei no silêncio a lembrança das sirenes de sua prisão, de suas narinas gulosas farejando a poeira nevada. Regerei em seus lábios com a batuta do cigarro que por lá é moeda. Falarei aos seus filhos e netos da névoa indômita que foi passar os anos calculando uma delação.
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