quinta-feira, julho 21, 2005

Segundo a palavra

Dia de pesca na Galiléia. Palavras lançadas à folha, todas tão múltiplas, umas maduras, ao ponto de serem achadas, outras ainda imberbes, desfiando sua juventude entre significados pueris. Foi dura a noite tratando de vê-las, garimpar as necessárias ao sustento de um dia. E foi mudez e angústia o resultado, tão profundas em seu pedaço inacessível de mar, tão mesquinhas em sua ocorrência em geral abundante. Mas veio a manhã messiânica, e uma ordem cálida para que se recolhesse o achado com rede espessa. Era tudo ganhar e não perder sequer um til da lei, quanto mais a própria alma. O barco agora balança inclinado, bojo grato de um contador de histórias. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.