terça-feira, maio 04, 2010

Todos os golpes

Em andrajos e à margem da festa, apedrejado pelos dias e pelos quilômetros, diante do quase pódio e aquém de todas as medidas. E rarefeito no fôlego, e perseguido por imagens torpes, e despencado do arco-íris. E impregnado de manchas, e destituído de horizonte, e esquecido das orações, e cuspido nas ruas. E abandonado pelos últimos, e desdenhado pelos primeiros, e morto em prestações de consórcio, e enriquecido de miséria. E atiçado pelos cães, e derrubado pela febre, e naufragado no impossível, e explodido em pedaços de zombaria e dúvida. E atravessado por roubos, e submerso nos vícios, e pendurado em todas as árvores, e lançado fora pelo canto dos fantasmas. E só, inexoravelmente só, como nunca esteve a mais distante muralha batida pelo vento.