O Fusca e a bicicleta

Epitácio, homem meticuloso, deu a seu irmão Felipe, folgazão incerto, um Fusca cultivado.
Epitácio não cessava de recomendar que Felipe prestasse atenção aos eventuais podres na lataria e a pequenos guinchos da suspensão, além de atentar para o consumo dos pneus.
Felipe, no entanto, mal ganhara o brinde, pôs-se a derrapar ruidosamente nas esquinas, arremessando a água das poças sobre os pedestres desavisados e desafiando os quebra-molas em acelerações desonestas.
Desnecessário dizer que em pouco tempo o Fusca se desfez. O sucateiro deu por ele uma bicicleta sem pedais, de guidão torcido e pneus furados.
Hoje, mais ajuizado, Felipe explana a Epitácio a melhor tinta para quadros de bicicleta, a conveniência dos selins altos em dias de chuva e a vantagem de certos pneus, desde que cheios.