quarta-feira, dezembro 08, 2004

Sal

A língua salgada, os lábios parecendo ter escamas. Sal demais na salada. Aí foi fácil vir a lembrança do dia de sol na praia, do quase afogamento, quando ainda não se sabia nadar e o sal invadia a boca junto com a água. Da areia áspera que lixou a pele da criança feliz que não quebrou o nariz. Depois foi a sede, a correria até o biquíni distraído da mãe. O copo apressado de refrigerante que nunca mais borbulhou daquele jeito.

Mas está na hora de pagar a conta. Uma mancha de gordura inaugura a camisa do garçom enquanto ele traz o papel numerado para o homem adulto o bastante para pagar a conta num restaurante barato.